Alexandre Jobim e Edmundo Klotz
17/10/2017 08h00
A revisão do modelo de rotulagem nutricional, que está sendo conduzida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), começa a despertar o interesse da mídia e da opinião pública. Os rótulos são importantes ferramentas de comunicação com o consumidor e compreendem toda e qualquer informação referente a um produto.
Informação, aliás, é tudo o que se espera do novo modelo de rotulagem nutricional que deverá ser regulamentado em breve.
As regras atuais vigoram há mais de dez anos e precisam ser aprimoradas. A indústria de alimentos e bebidas apoia a mudança, pois entende que isso pode trazer mais esclarecimentos ao consumidor, facilitando a compreensão dos nutrientes presentes no produto.
É preciso considerar os avanços tecnológicos relacionados aos alimentos, bem como as novas e legítimas demandas dos consumidores por informações mais claras nas embalagens.
E, exatamente para manter essa comunicação clara e o respeito aos direitos do consumidor nas suas decisões de compra, apresentamos uma proposta de modelo de rotulagem que utiliza cores de entendimento universal (verde, amarelo e vermelho), associadas à presença de determinados nutrientes como sódio, açúcar e gorduras.
Esse modelo traz ainda a análise nutricional por porção do alimento que está sendo consumido, uma forma que se aproxima mais da realidade do consumo. Não adianta muito informar a quantidade de sódio por 100 gramas se o máximo que vai ser consumido será 10 gramas, por exemplo.
Facilita que o consumidor faça a composição nutricional mais apropriada para ele, comparando as características dos alimentos, o teor de cada nutriente, podendo escolher, dessa forma, sua melhor opção na busca por uma dieta equilibrada, diversificada e inclusiva.
O que nos assusta, neste momento do debate, é a defesa de um modelo que pouco acrescenta de informação para o consumidor. Traz triângulos pretos para indicar excesso de determinados nutrientes nos alimentos.
Em vez de esclarecer, de ajudar o consumidor a selecionar o alimento mais adequado para sua dieta, a proposta, que tem recebido manifestações favoráveis de alguns setores, simplesmente assusta o consumidor. Trabalha a mensagem do medo, do alerta, do perigo.
Não estamos falando de produtos irregulares. Estamos falando de alimentos, que, marcados com triângulos pretos, são considerados “impróprios” por um grupo da sociedade que propõe restrição de consumo a toda a população. Chegou-se a dizer, inclusive, que o melhor seria não consumi-los, avançando, assim, sobre os limites da liberdade de escolha.
Entendemos que a proposta de rotulagem com as cores, que qualquer pessoa possa identificar e avaliar com facilidade, representa um salto na oferta de informação ao principal interessado nesta mudança.
Confiamos na capacidade do consumidor em fazer suas próprias escolhas alimentares a partir de informações claras e completas. Inclusive por alimentos e bebidas com diferentes teores de açúcar, sódio e gordura.
Alimentos não causam danos à saúde. Uma alimentação desequilibrada, sim. Informados, teremos consumidores mais preocupados com sua saúde.
A indústria apoia e incentiva soluções que promovam hábitos de vida saudáveis. E defenderá sempre a informação e a educação como os instrumentos mais adequados para isso. Juntos, governo, indústria e sociedade podem e devem caminhar para um estilo de vida cada vez mais equilibrado.
ALEXANDRE JOBIM é presidente da Abir (Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas)
EDMUNDO KLOTZ é presidente da Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação)
Artigo publicado pelo jornal Folha de S.Paulo em 17 de outubro de 2017