Na contramão do senso comum

Pesquisa do Ministério da Saúde revela queda de 53,4% no consumo regular de refrigerantes e bebidas açucaradas, porém obesidade alcança maior índice nos últimos treze anos.

O consumo de refrigerantes e bebidas açucaradas não é o vilão do aumento da obesidade entre os brasileiros. É isso que revela pesquisa do Ministério da Saúde, divulgada nesta quinta-feira, 25/7, no auditório da OPAS/OMS, em Brasília. O Brasil atingiu o maior índice de obesidade nos últimos treze anos, com aumento de 67,8% entre 2006 e 2018. Na contramão desses dados, o consumo regular de refrigerantes e bebidas açucaradas caiu 53,4% de 2007 a 2018. A pesquisa revela ainda que a prática de alguma atividade física no tempo livre, pelo menos 150 minutos por semana, aumentou 25,7% de 2009 a 2018, e o consumo de frutas e hortaliças cresceu 15,5% nos últimos dez anos.

Os dados compõem a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) e atestam que altos índices de obesidade e de outros problemas de saúde associados ao estilo de vida contemporâneo têm causas multifatoriais e sua solução passa por uma abordagem ampla, incluindo o incentivo à prática de atividades físicas e à alimentação equilibrada.

A indústria de bebidas não alcoólicas investe cada vez mais em tecnologia, o que gera inovação. Com foco nas demandas do consumidor ligadas à saudabilidade, dentre outras iniciativas, a indústria vem há anos ampliando seu portfólio com opções zero açúcar e também sem adição de conservantes, disponíveis nas prateleiras dos supermercados. Devido ao processo de pasteurização e envase destas embalagens, por exemplo, se tornou possível ter produtos 100% seguros sem o uso de conservadores.  Também foram lançadas embalagens em tamanhos diferenciados para atender às expectativas dos consumidores.

O plano de redução de açúcares é mais uma das iniciativas inéditas e voluntárias do setor. O acordo com o Ministério da Saúde foi assinado, em 26/11, pela Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação); Abimapi (Associação Brasileira da Indústria de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados), ABIR (Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas) e VIVA LÁCTEOS (Associação da Indústria de Lácteos). Ao todo, fizeram parte do acordo 68 indústrias, que representam 87% do mercado de alimentos e bebidas do País. Com a iniciativa, o setor faz a sua parte com a redução voluntária dos açúcares em 23 categorias de alimentos e bebidas, agrupadas em 5 grupos: bebidas adoçadas, biscoitos, bolos prontos e misturas para bolo, achocolatados em pó e produtos lácteos. Um projeto que prevê retirar, de forma gradual, 144,6 mil toneladas até 2022.

A pesquisa mais uma vez demonstra que as causas da obesidade não são os refrigerantes e as bebidas açucaradas. A obesidade deve ser combatida com ações que envolvam esforços do governo, da indústria e da sociedade.

A nossa parte está sendo cumprida.

Alexandre K. Jobim
Presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (ABIR)