Em reunião de trabalho realizada com o Ministério da Saúde na última quarta-feira (20/9), em Brasília, a ABIR (Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas) e a ABIA (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação) dialogaram sobre proposta de redução de açúcar dos refrigerantes, néctares e refrescos à venda no mercado brasileiro. As empresas já têm promovido redução nos últimos anos, a intenção é avançar ainda mais.
A iniciativa da indústria foi elogiada pelos representantes do governo e será agora avaliada internamente pelo Ministério da Saúde, que pretende fechar um acordo para redução de açúcar nas bebidas até o final do ano. “É uma proposta muito robusta, um passo grande em direção à redução de açúcar”, avaliou Eduardo Nilson, coordenador adjunto da Área de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde. “É um ponto de partida muito bom. Reforça a importância desta parceria que nós temos e o potencial para gerar resultados positivos”.
Para a ABIR, entretanto, de nada adiantará o compromisso da indústria se não houver uma campanha educativa para que a população entenda a necessidade de diminuir a quantidade de açúcar que adiciona aos alimentos.
“Precisamos enfrentar a obesidade de maneira franca e transparente. A indústria está fazendo sua parte. Mas é preciso uma mudança de hábito da população, porque a maior parte da ingestão diária de açúcar vem do açucareiro doméstico”, afirmou Victor Bicca Neto, diretor da ABIR.
“Segundo a Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE, mais de 70% do açúcar consumido pelos brasileiros é o chamado ‘açúcar de mesa’, aquele que o consumidor compra, põe sobre a mesa ou na bancada da cozinha e usa para adoçar os alimentos e bebidas que ingere ou aquele que é utilizado em padarias, confeitarias e restaurantes. Se a intenção é reduzir o consumo, tem que ser feito um trabalho de educação alimentar”, completou Igor Castro, diretor técnico da ABIR.
A proposta foi apresentada durante Oficina Técnica para discutir os desafios e estratégias de redução do teor de açúcar de bebidas adoçadas. O debate contou com a presença de representantes da Anvisa e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, além de especialistas da Universidade de Paris e da Unicamp, e avaliou desde questões relacionadas ao comportamento humano diante de alimentos doces a metodologias para monitorar programas de redução de açúcar.
A proposta da indústria para redução do açúcar em refrigerantes, néctares e refrescos é um compromisso dos fabricantes associados à ABIR e à ABIA. A redução será gradativa e prevê uma primeira meta para cada categoria de bebida até 2019 e uma proposta final para 2021, explicou Ignez Goes, diretora técnica da ABIA. “Vamos desenvolver ações para que o consumidor possa fazer escolhas de consumo mais saudáveis e conscientes”, acrescentou Ignez.
Há no mercado hoje, 111 marcas de refrigerantes de empresas associadas, 48 de néctares e também 48 de refrescos. Nos últimos cinco anos, os refrigerantes no Brasil tiveram uma redução média no teor de açúcar, promovido voluntariamente pela indústria, de 12,3%, os néctares de 4,6% e os refrescos de 7,7%.