Coca-Cola Brasil assina compromisso pela igualdade racial

Com a presença de um dos principais ativistas pelos Direitos Civis nos Estados Unidos, Joe Beasley, a Coca-Cola Brasil assinou nesta segunda-feira (25), no Rio de Janeiro, a carta de adesão à Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial e aos 10 Compromissos da Empresa com a Promoção da Igualdade Racial. Com a adesão, a companhia se compromete a aumentar a participação de talentos afro-brasileiros em seus quadros gerenciais e ser uma voz ainda mais ativa para a causa.

A primeira empresa a assinar este compromisso no Brasil foi o Carrefour e outras estão na linha para seguir o mesmo caminho. “Posso assegurar que teremos desdobramentos práticos e um dever-de-casa interno que será feito”, explicou à Plurale o presidente da Coca-Cola Brasil, Xiemar Zarazúa. O ativista Joe Beasley – presidente da Fundação que leva o seu nome – defendeu uma ação global de países com afrodescendentes, como o Brasil, os EUA, a Colômbia e Cuba, por exemplo. “Temos um presidente negro, Barack Obama, mas ainda há muito a ser feito. Acredito que seria bom se houvesse uma ação global de países de ex-escravos”, afirmou.

Para marcar a assinatura do documento, a Coca-Cola Brasil promoveu uma sessão de palestras sobre o papel da iniciativa privada na promoção da diversidade racial, com mediação da jornalista Flávia Oliveira, que falou do tema em três vertentes: a da auto-estima, da educação e das ações afirmativas. “Não sou eu que estou falando e sim os números, as estatísticas. As ações afirmativas deram certo e reduziram a evasão escolar”, observou a historiadora e pesquisadora Wania Sant’Anna. O secretário-executivo da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, Reinaldo Bulgarelli, destacou que as causas da mulher e LGBT “são mais fáceis de serem trabalhadas nas empresas do que a diversidade racial.”

“Queremos usar cada vez mais o nosso negócio para contribuir com causas relevantes para a sociedade brasileira. O Brasil é uma das nações mais miscigenadas do mundo. Ainda assim, existem profundas disparidades de renda, educação e emprego. Acreditamos que a iniciativa privada tem a responsabilidade de contribuir na construção de uma sociedade mais igualitária. Isso é uma prioridade para a Coca-Cola e se aplica ao negócio e a toda a cadeia de valor”, disse Raïssa Lumack, vice-presidente de Recursos Humanos da Coca-Cola Brasil.

Ações – A diretoria da Coca-Cola Brasil destacou que tem promovido ações de fomento à diversidade há mais de dez anos, quando começou a apoiar instituições ligadas à igualdade racial. A primeira iniciativa da companhia foi patrocinar o Troféu Raça Negra, que premia ícones que promovem a identidade afro-brasileira e é realizado pela Afrobras, organização que trabalha pela inserção socioeconômica, cultural e educacional dos jovens negros brasileiros.

Há seis anos, a empresa criou uma plataforma de valor compartilhado, o Coletivo Coca-Cola, que promove oportunidades econômicas para moradores de comunidades de baixa renda, em parceria com instituições locais, oferecendo treinamento técnico, fortalecimento comunitário e acesso ao mercado de trabalho. O Coletivo já impactou a vida de quase 150 mil pessoas, sendo 65% de jovens afro-brasileiros.

E, há dois anos, a Coca-Cola Brasil ampliou a parceria com várias entidades para fomento de educação e cultura, como Instituto Steve Biko e Mídia Étnica.

Recentemente, a companhia e o Fundo Baobá lançaram o edital “Cultura Negra em foco”, direcionado a organizações com ou sem fins lucrativos que desenvolvam projetos inovadores focados na divulgação da cultura e da identidade negra no Brasil. Ao todo, serão destinados mais de R$ 400 mil.

Para acelerar o aumento na participação de talentos afro-brasileiros em seus quadros gerenciais, a Coca-Cola Brasil está iniciando novas políticas e práticas que flexibilizem a identificação e o recrutamento. A implementação do projeto-piloto começa já em 2016.

* Legenda da foto: (da esquerda para a direita): Reinaldo Bulgarelli (secretário-executivo da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial), Flávia Oliveira (jornalista), Joe Beasley (Ativista de Direitos Humanos); Wania Sant`Anna (historiadora e ativista), Lisa Borders (Coca-Cola Foundation) e Xiemar Zarazúa (Coca-Cola Brasil)

Fonte: Plurale