Informação para decidir com autonomia

Pesquisa revelou preferência por sinalização (verde, amarelo, vermelho) para indicar quantidade de determinado nutriente por porção do alimento ou bebida

O Ibope revelou que 76% da população buscam, com frequência, informações nutricionais nas embalagens de alimentos e bebidas não alcoólicas. No mesmo sentido, o DataPoder360 mostrou que 79% das pessoas querem que essas informações sejam mais aprofundadas. As duas pesquisas, divulgadas ao final de 2017, refletem uma verdade vivenciada no cotidiano: o hábito das pessoas diante das gôndolas mudou, o rótulo é observado com mais atenção pelo consumidor exigente, que quer entender ainda melhor o que está comprando.

A mudança na forma de consumo tem sido encarada como oportunidade para a indústria desenvolver e oferecer seus produtos com ainda mais qualidade. O novo perfil do consumidor estimula avanços tecnológicos voltados para a qualidade dos alimentos, assim como, na perspectiva governamental, também se percebe a importância de estimular comportamentos mais saudáveis na população.

Diante da necessidade de melhor compreensão das informações nutricionais e de incentivo à escolha consciente, o desafio é a definição do modelo de rótulo nutricional adequado à realidade do Brasil. Há três anos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu espaço para ouvir diferentes setores da sociedade para construir um novo modelo brasileiro de rotulagem. A discussão atual gira basicamente em torno de dois modelos: o colorido e o de advertência, em sinalização na cor preta.

O Ibope trouxe ao foco a voz de quem mais importa: o consumidor. E registrou a preferência de sete em cada dez brasileiros por um modelo semelhante ao adotado pelo Reino Unido, conhecido como semáforo nutricional quantitativo — por utilizar as cores universais dessa ferramenta de sinalização (verde, amarelo, vermelho) para indicar a quantidade de determinado nutriente por porção do alimento ou bebida.

Na opinião dos entrevistados na pesquisa, o semáforo nutricional favorece a decisão do indivíduo, sua consciência e autonomia na escolha. No cenário internacional, o modelo também é coerente com as orientações de não recomendação de advertência do Codex Alimentarius, braço da Organização das Nações Unidas responsável pelas normas sobre a segurança e a rotulagem de alimentos.

Evidências, como as fornecidas pelas pesquisas, devem prevalecer para alcançarmos eficiência das políticas públicas. A expectativa é que o novo modelo de rotulagem frontal adotado pelo Brasil não seja apenas uma etiqueta, mas consiga, em primeiro lugar, oferecer ao brasileiro informações relevantes para a escolha por uma dieta equilibrada e saudável e, ao mesmo tempo, seja uma medida que não isole o país do mercado mundial de alimentos.

Alexandre K. Jobim é presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (ABIR), e Edmundo Klotz é presidente da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA)

Artigo publicado no dia 19 de janeiro de 2018 pelo jornal O Globo