Mais energia, menos mitos

Capazes de aumentar a atenção e a resistência física, as bebidas energéticas são cada vez mais consumidas por quem precisa de uma energia extra para enfrentar a correria da vida moderna. Em geral, contêm cafeína, carboidratos, taurina e vitaminas do complexo B, ingredientes seguros e comuns ao consumo humano. Mas, mesmo sendo vendidas há mais de 30 anos e consumidas em mais de 160 países, ainda existem muitos mitos que cercam essas bebidas.

Uma das preocupações mais frequentes é a quantidade de cafeína presente nas latinhas. A ingestão de cafeína sempre foi motivo de debate, e hoje, na era da pós-verdade , os boatos só tendem a aumentar.

A ideia de que bebidas energéticas concentram alta doses de cafeína é um exemplo de mito muito espalhado pela internet. Uma lata de 250ml contém a mesma quantidade de cafeína que uma xícara (60ml) do bom e velho cafezinho. Segundo estudo deste ano divulgado pela publicação Critical Reviews in Food Science and Nutrition, as bebidas energéticas têm pouca participação na quantidade total de cafeína ingerida pelas pessoas ao longo do dia.

Órgãos de renome internacional, como a European Food Safety Authority (EFSA), US Food and Drug Administration e Health Canada, atestam a segurança da bebida e dos níveis de cafeína presentes em sua composição. Um estudo da EFSA, também de 2017, confirma que a ingestão de até 400mg/dia de cafeína é segura para adultos saudáveis e que gestantes podem consumir até 200mg/dia, sem efeitos adversos. Essa também foi a conclusão de outro estudo publicado este ano pela Food and Chemical Toxicology, segundo o qual o consumo de 400mg de cafeína por dia não provoca em adultos saudáveis efeitos adversos cardiovasculares, ósseos e comportamentais.

Hoje, está comprovado que, além de ser uma substância estimulante do sistema nervoso central, a cafeína é rica em antioxidantes e, de acordo com recentes descobertas realizadas por pesquisadores brasileiros, não apresenta contraindicações nem mesmo para quem sofre de doenças cardíacas. Em 2016, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre realizou um estudo, publicado no jornal científico Jama Internal Medicine, que descarta efeitos nocivos da substância em pessoas que sofrem de arritmia. Além disso, no Brasil, os energéticos são aprovados e regulados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que permite a concentração de 35mg de cafeína a cada 100ml do produto.

Também são muito comuns os mitos em relação à taurina, substância que está presente no dia a dia das pessoas, mas continua desconhecida. A taurina é um aminoácido produzido pelo corpo humano, encontrado também em frutos do mar e carnes de aves. Ele está presente até mesmo no leite materno e desempenha um importante papel em diversas funções fisiológicas, atuando positivamente no sistema imunológico e no metabolismo da glicose, por exemplo. Além disso, é desintoxicante, antioxidante e ajuda o bom funcionamento do coração.

Todos esses estudos mostram que a bebida energética pode ser consumida com segurança por adultos que precisam de um gás para enfrentar os dias mais corridos. Consumidos adequadamente, esses produtos são aliados que fornecem energia extra necessária seja no estudo, no trabalho ou na prática de esportes.

Alexandre Kruel Jobim – Presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas – ABIR

Artigo publicado no dia 1º de outubro de 2017 no jornal Estado de Minas.

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