Os mitos sobre o consumo de adoçantes são criados por desinformação e veiculação distorcida de estudos sobre a substância. Assim destacou a professora da Unicamp, Maria Cecília Toledo, ao reafirmar a segurança da ingestão de adoçantes naturais e artificiais em palestra do 14º Congresso da Sociedade Brasileira de Nutrição (SBAN), realizado em São Paulo entre os dias 29 e 31 de agosto, com apoio da ABIR.
“Essa demonização dos adoçantes não procede e os profissionais de saúde, assim como a mídia, não podem divulgar e causar pânico à população sem checar detalhadamente os estudos e se certificar das informações”, afirmou. De acordo com a especialista, todos os adoçantes aprovados para consumo no Brasil e no Mundo são avaliados com protocolos rígidos de segurança e são considerados próprios para consumo humano dentro de determinados valores de ingestão diária, recomendações usadas como referência para estabelecer os limites de uso em alimentos. Quem define os níveis de Ingestão Diária Aceitável (IDA) de adoçantes é a Expert Committee on Food Additives (JECFA), da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Entre as autoridades internacionais que avaliam a segurança dos edulcorantes, estão CODEX Alimentarius e as agências norte-americana (FDA) e europeia (FSA) de segurança alimentar. No Brasil, os edulcorantes são autorizados pela Agência Nacional de Segurança Alimentar (ANVISA), sendo seis deles artificiais e dois deles naturais. Para Maria Cecília, não há distinção nesse quesito sobre segurança, outro mito que precisa ser esclarecido. “Embora algumas pessoas pensem que adoçantes extraídos da natureza são mais seguros, isso não é necessariamente verdade, porque os protocolos para validação dessas substâncias são os mesmos. Inclusive, a avaliação de adoçantes de origem natural é mais difícil porque existe uma variabilidade muito grande dependendo da planta, do clima, do solo. Então, quando você extrai alguma substância de uma planta, você acaba extraindo outras coisas que são solúveis no mesmo solvente e depois tem que começar o processo de purificação para extrair realmente o componente que interessa. Então, na verdade, eu nunca digo que um adoçante é natural, digo que é de origem natural, e ambos são seguros”, completa.
Em seguida, a especialista discorreu sobre cada um dos tipos de adoçantes e os mais diversos estudos de institutos renomados sobre os mesmos. O Aspartame, por exemplo, considerado como vilão por muitos anos, foi considerado pelo National Cancer Institute, em 2007, como seguro, não causando câncer ou efeitos no comportamento, função cognitiva ou neurológica. Ciclamato de Sódio e a Sacarina também receberam aval importante da Internationbal Agency for Research on Cancer (IARC) e FDA, após serem avaliados uma série de estudos sobre as substâncias. ”Sempre que novas informações e estudos são divulgados, os comitês internacionais, nacionais e regionais reúnem seus times de especialistas das mais diversas áreas para analisarem detalhadamente cada procedimento usado, com protocolos altamente rígidos que exigem especificações de identidade e pureza. As informações divulgadas por esses comitês são todas públicas e podem ser acessadas por qualquer pessoa sempre que necessário”, conclui.