Incentivar o aumento da produção de guaraná na Amazônia e melhorar a vida dos pequenos agricultores que cultivam o fruto são alguns dos objetivos de um programa que a Bebidas Poty apoia no norte do Brasil. O projeto Expansão da Guaranaicultura – Criação do Circuito Metropolitano da Cultura, envolve também a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Secretaria de Desenvolvimento do Estado do Amazonas. Em setembro a parceria completa três anos e parte dos agricultores está colhendo os primeiros frutos.
A primeira safra expressiva das seis mil mudas já plantadas virá em 2020 mas os primeiros resultados de pequenas colheitas realizadas este ano mostram que o programa está no caminho certo. O Projeto Expansão da Guaranaicultura – Criação do Corredor Metropolitano da Cultura do Guaraná, desenvolvido pela Embrapa Amazônia Ocidental, quer aumentar a produção de guaraná visando atender a demandas das indústrias instaladas em Manaus. A produção brasileira de guaraná é praticamente toda consumida no mercado interno. Estima-se que pelo menos 70% da produção é utilizada na fabricação de refrigerantes, enquanto o restante é vendido na forma de xarope, bastão, pó, extrato e outros subprodutos. O guaraná também é utilizado na fabricação de bebidas energéticas, sorvetes, fármacos, cosméticos, confecção de artesanato. Apenas uma pequena quantidade é exportada mas o mundo está de olho no fruto brasileiro.
A Bebidas Poty, localizada em Potirendaba, interior de São Paulo, apoia o projeto por meio da Sabores Vegetais do Brasil, empresa do mesmo grupo, sediada em Manaus e focada na produção de aromas, concentrados e extratos. José Luiz Franzotti, diretor presidente da Poty, classifica o projeto como uma das mais importantes iniciativas voltadas à melhoria do cultivo do guaraná na Amazônia. “Teremos um guaraná de melhor qualidade valorizando o fruto característico do Brasil, com um sabor que faz sucesso no mundo inteiro, em um projeto sustentável”, afirma Franzotti.
Iniciado em setembro de 2016, o projeto envolve 790 famílias de pequenos agricultores reunidos em três cooperativas e seis associações nos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva, Iranduba, Presidente Figueiredo e Maracapuru. Até agora foram plantadas seis mil mudas distribuídas nas propriedades familiares em um total que chega a 20 hectares.
Além de ganhar as mudas de guaranazeiro, os agricultores recebem orientação técnica dos profissionais da Embrapa. Nestes três anos de implantação do projeto eles foram treinados para entender os diversos estágios da cultura e capacitados a promover um plantio conservacionista e sustentável. Aprenderam sobre os cuidados na pré-colheita, colheita e preparo da semente a ser enviada para as indústrias. As empresas apoiam o projeto patrocinando a compra de mudas, insumos e transporte dos envolvidos que se deslocam em ônibus e barcos.
O BRS Maués, variedade plantada no projeto, é o clone mais indicado para plantio no Amazonas. Enquanto a produtividade de um guaranazeiro nativo é de cerca de 300 g de semente seca por ano o BRS Maués deve produzir até 1,5 kg por planta/ano.
Jardim clonal
A Bebidas Poty está confiante na expansão do cultivo de guaraná na Amazônia e passou a apoiar um segundo projeto que é a criação de um jardim clonal para produção de mudas de guaranazeiros.
Paulo Barufi, gerente administrativo da Bebidas Poty, explica que o custo atual de uma muda de guaranazeiro é entre R$ 10 a 12 reais fazendo com que o plantio em larga escala exija altos investimentos. “Imagine se você for comprar 20 ou 30 mil mudas, o custo é alto. Com o jardim clonal queremos ter 49 mil mudas com um investimento muito menor fortalecendo o projeto e deixando-o ainda mais sustentável”, aposta Barufi.
Vagner Pacchioni, gerente industrial da Sabores Vegetais, explica que no jardim clonal é feito o adensamento do plantio. “O tradicional é termos 400 a 440 mudas por hectare. Aqui plantamos 700 mudas em um hectare sendo que cada cultivar nos dá a possibilidade de produção de mais 70 mudas novas por pé. Daqui a três anos quando estas novas mudas estiverem prontas para o plantio, vamos doar aos agricultores parceiros, expandir o projeto e aumentar a produção de guaraná na Amazônia”, acredita Pacchioni.